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Rock in Rio 2019: David Coverdale não pensa em aposentadoria para o Whitesnake: 'Minha esposa não deixa' [ENTREVISTA]

A banda estreou no Rock in Rio em 1985 e, agora, volta aos palcos do festival carioca com um amor eterno pelo Brasil

Yolanda Reis Publicado em 17/09/2019, às 14h15

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Whitesnake em 2019 (Foto: Divulgação)
Whitesnake em 2019 (Foto: Divulgação)

Quando o Whitesnake veio ao Brasil pela primeira vez em 1985 para tocar noRock in Rio, o convite teve gosto quase amargo. “Fomos convidados no meio de uma tragédia”, relembrou David Coverdale, o frontman da banda, em entrevista exclusiva para a Rolling Stone Brasil.

“O meu grande amigo Richie [Rick Allen, baterista do Def Leppard] sofreu um acidente de carro, e eles não podiam ir até a América do Sul. Dividíamos a mesma agência, e me ligaram e perguntaram: ‘O que você está fazendo?’ eu disse que nada, e eles: ‘quer ir tocar no Rio de Janeiro?”

Ele quis. Naquele primeiríssimo Rock in Rio, o Whitesnake tocou duas vezes: no primeiro dia do festival, ao lado do Queen e do Iron Maiden, e no último, dividindo palco com AC/DC, ScorpionsOzzy Osbourne. Coverdale ficou quase duas semanas no Brasil, o suficiente para criar um amor gigantesco pelo país. “Meu Deus, depois da última apresentação fui direto para um voo do Rio a Los Angeles. Eu tentava dormir, mas eu só pensava nos últimos dez dias e queria um feriado para poder voltar logo.”

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E de fato, voltou. Ao Brasil, seis vezes. E ao Rock in Rio, pela primeira vez em 34 anos. “Desta vez será ainda mais especial para mim. Vou levar meu filho [Jasper Coverdale] e minha esposa [Cindy Barker] pela primeira vez. É aniversário do meu filho [em agosto], ele fez 23 anos, e vou dar o melhor presente para ele: o Rio!” exclamou Coverdale, com voz animada.

Comentei que Jasper com certeza adoraria o Brasil. “Está brincando? Está brincando? Ele vai aproveitar as festas e voltar com boas memórias. Vou ter sorte se conseguir trazê-lo de volta para casa!”

A viagem em família é um presente para Jasper - mas DavidCoverdale também assoprará velinhas no Brasil (assim como o fez em 2016); no dia 22 de setembro, o músico completará 68 anos. “Da última vez eu comemorei em São Paulo. E desta vez, será em Uberlândia [MG], e eu não ainda não conheço a cidade. E estou animado para isso. E quero outro bolo!”

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Depois de seu aniversário, Coverdale segue para o Rock in Rio; no festival o Whitesnake vai divulgar Flesh & Blood, 13º disco da banda, lançado em maio de 2019. Disco esse que quase não aconteceu - em 2016, Coverdale pensou seriamente em parar de fazer música, pois a artrite degenerativa que tinha nos joelhos o deixou desnorteado de tanta dor. “Os shows daquele ano foram dolorosos. Sentia o osso batendo em osso, e isso afetava minha performance.”

A doença evoluiu ao ponto de Coverdale quase parar em uma cadeira de rodas - mas ele não via isso como uma opção para o futuro. Começou o tratamento. Inicialmente, 24 semanas de medicamento injetados diretamente em suas articulações dos joelhos (“foi tão doloroso quanto parece”) e depois, já em 2017, uma cirurgia de reconstrução. Operou os dois joelhos: o direito em janeiro, o esquerdo em maio. E resolveu descansar um pouco. Mas a pausa nunca aconteceu.

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“Eu não tinha nenhum plano até a gravadora me ligar e dizer ‘não acha que está na hora de fazer um novo disco?’ Então, em 2018, tive o ano mais ocupado da minha carreira: escrevi 18 músicas novas [para Flesh & Blood], fizemos a edição especial para o aniversário de 30 anos [do disco] Whitesnake, escrevi meu livro, fiz um clipe… Para alguém que deveria estar se recuperando de uma cirurgia bem invasiva, me ocupei bastante. E fico feliz por ter feito isso.”

Bem ligado à família, Coverdale deve à esposa Cindy boa parcela de sua motivação - e os últimos anos do Whitesnake, também. “Ela me proibiu de dizer a palavra ‘aposentadoria’,” revelou, rindo bastante. “Então não pensei nisso nos últimos dois anos. Quando eu estava com os problemas nos joelhos eu sentia muita, muita dor, e a ideia da aposentadoria parecia forçada - eu seria obrigado a fazer isso. Mas tudo correu bem. Depois disso, minha esposa foi ver alguns shows meus e disse ‘meu deus, eu achei que você fosse o Justin Bieber!’ E isso foi incrível, e tudo que veio depois disso, também. Minha banda é ótima, minha plateia é ótima. Eu não tenho nenhuma reclamação, e nenhum plano de me aposentar. Nenhum, mesmo. Ser eu, no momento, é maravilhoso.”

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O Whitesnakevem ao Brasil para seis apresentações em 2019. A primeira delas, em Curitiba, no dia 18 de setembro. Depois, seguem para São Paulo (tocam no Rockfest no dia 21), Uberlândia (Roadfest, 23), Belo Horizonte (25), Rio de Janeiro (Rock in Rio, 28) e Porto Alegre (1 de outubro).