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Shows de música estão de volta à Europa depois da pandemia: contamos como foi a experiência

A Rolling Stone Brasil entrevistou fãs presentes em show com distanciamento social do Poltergeist e Destruction na Suíça

Redação Publicado em 22/07/2020, às 07h00

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Show do Destruction com distanciamento social (Foto: Reprodução/Facebook/Destruction)
Show do Destruction com distanciamento social (Foto: Reprodução/Facebook/Destruction)

A pandemia de coronavírus afetou o mercado de shows repentinamente. A partir de março, shows e turnês foram cancelados, sem previsão concreta de retorno. Depois da China, onde a doença foi identificada pela primeira vez, a Europa teve o epicentro da doença na Itália. Agora, meses após enfrentar o pior da doença, o comércio e atividades em conjunto retornam aos poucos - inclusive os shows.

No primeiro final de semana de julho, as bandas Poltergeist e Destruction subiram ao palco da casa de shows Konzertfabrik Z7, na cidade de Pratteln, na Suíça, para um dos primeiros shows com as regras de distanciamento social. As apresentações aconteceram em dois dias, e marcaram os primeiros eventos no local desde 14 de março. 

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Poltergeist no Konzertfabrik Z7 (Foto: Reprodução/Pat Valais)

Situação do país

Atualmente, a Suíça está em fase de flexibilização do isolamento. O país possui cerca de 8,5 milhões de habitantes e, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, até 20 de julho, foram 1.687 mortes no país e mais de 33 mil casos de COVID-19 - número que cresceu com a reabertura das fronteiras terrestres para os vizinhos europeus no final de junho e autorização para o funcionamento de serviços não essenciais, como bares e danceterias, segundo o G1.

“Desde 22 de junho está permitida a realização de eventos privados e públicos com a participação de até mil pessoas. Porém a condição é que o rastreamento de contatos seja garantido”, informa o site Swiss Info. Apesar da obrigatoriedade do uso de máscaras em serviços de transporte, sejam “trens, bondes e ônibus, ferrovias e bondinhos de montanha ou  em barcos turísticos”, não há obrigação de uso do acessório de proteção nos eventos

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Flexibilização da quarentena na Suíça (Foto: Reprodução/SwissInfo)

Show distanciado

Em 03 e 04 de julho, o público se dirigiu à Konzertfabrik Z7, na Suíça, para o primeiro shows em meses. A casa de shows possui capacidade para 1.600 pessoas, mas apenas 300 ingressos foram disponibilizados ao público por data. Na primeira noite, 250 fãs compareceram, e todos os ingressos foram vendidos no segundo show.

Como parte dos procedimentos de segurança adotados pela casa de shows, o uso de máscara era opcional, mas a casa de shows encorajou o público a não abrir mão do acessório. Para comparecer ao evento, foi necessário assinar um termo para confirmar que não teve contato com uma pessoa infectada pelo COVID-19 nos 14 dias anteriores e deixar informações de contato em caso de necessidade de quarentena. Segundo relatos do público, álcool em gel estava disponível na entrada, no bar e nos banheiros.

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Os presentes foram orientados a manter distância de cerca de 1,5  metros entre si e dos artistas no palco, além de seguir demarcações no chão para a fila para entrada, banheiro e compra de bebidas e petiscos no bar.  No palco, os músicos não sofreram restrições. 

Fila para o show (Foto: Reprodução/Pat Valais)

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, dois fãs de metal contaram sobre a experiência de comparecer ao show nessas circunstâncias. Pat Valais é apaixonado por música e comparece a mais de 50 shows por ano, mas estava desde fevereiro afastado desse tipo de atividade quando recebeu a notícia sobre show do Destruction. “Vi a banda outras duas vezes, mas [esse show] foi especial, sem dúvidas. O clima estava um pouco estranho no começo, mas ainda assim amigável”, contou. “Esperei muito por esse momento e foi fantástico”. 

Para Geri Thalles, apoiador da cena local de metal na Europa, a experiência nos dois dias de show foi boa. “Me senti confortável, toda a equipe usava máscaras e luvas”, pontuou. “Não era permitido dar abraços ou aperto de mãos ao encontrar amigos, mas nem todos concordam com o distanciamento social”. 

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Felizmente, a maioria das pessoas se respeitou. Alguns ainda tentaram organizar um bate-cabeça, mas sem sucesso - momento considerado “a única parte ruim” da noite no relato de Valais. “Não é a mesma coisa com uma quantidade tão pequena de pessoas em um espaço grande, mas estava muito feliz por ver uma banda ao vivo novamente”, continuou. “Se queremos ver outros shows, as pessoas precisam ser respeitosas e seguir as regras. Neste momento, vivemos em um mundo diferente”. 

Alguns dias após a primeira experiência, a Z7 atualizou o público sobre a agenda de julho. “Os shows serão realizados conforme planejado. Se necessário, vamos estabelecer dois setores. Não existe obrigação de máscara, mas recomendamos que você use uma”, publicou nas redes sociais. 

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Destruction no palco  (Foto: Reprodução/Pat Valais)

Nos comentários da publicação, existe uma pequena parcela de acusações de “terror do governo” pelas regras e exigências, mas boa parte dos seguidores da casa de shows elogiaram a administração pelo trabalho e respeito às regras. “Por mim pode continuar com esse número de pessoas se eu sempre conseguir um ingresso”, comentou uma mulher. “Estive com vocês no fim de semana passado, curti muito! Tinha espaço suficiente e adorei como todos se respeitaram”, comentou outra pessoa. 

A casa de shows segue com eventos neste formato até outubro. Na Itália, casas de shows, teatros e cinemas puderam retomar as atividades para um número máximo de 200 pessoas em locais fechados e mil pessoas em espaço aberto desde 15 de junho, de acordo com a IQ Magazine.

A banda

Destruction é uma banda alemã de trash metal. Na estrada desde 1982 e com mais de 15 álbuns de estúdio, o grupo lançou um álbum ao vivo durante o período de isolamento. As canções de Born to Thrash foram gravadas no festival Party.San Open Air, em agosto de 2019, na Alemanha. 

Em entrevista ao site MHF Magazine, o vocalista falou sobre a importância de realizar o show. “Demos o primeiro passo. Há riscos, sem dúvidas, mas se não agirmos agora, o que faremos? Vamos nos esconder para sempre?”, disse Marcel Schirmer. “Precisamos nos mover novamente e ver como vai funcionar”. 

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Fila para o show (Foto: Reprodução/Pat Valais)

Outras soluções

No resto do mundo, enquanto as aglomerações ainda são proibidas, algumas alternativas são exploradas. Ainda em março, o cantor Mads Langer realizou uma das primeiras apresentações drive-in na Dinamarca, e vendeu todos os ingressos para 500 carros. Esse tipo de apresentação chegou ao Brasil no final de julho, com o show do Jota Quest no Allianz Parque, em São Paulo.

Na Inglaterra, a primeira arena de shows com formato pensado para a realidade do distanciamento social será aberta em agosto. Localizada em Newcastle, a Virgin Money Unity Arena tem agenda anunciada para agosto e setembro, com Two Door Cinema Club e The Libertines, e o público será dividido em plataformas para assistir aos shows.

Ilustração da Virgin Money Unity Arena (Foto: Divulgação)

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Em países com altos índices de contaminação de coronavírus, como Estados Unidos e Brasil, líderes em número de infectados no mundo, não há previsão concreta de retorno de aglomerações como antes. Por aqui, turnês internacionais foram remarcadas para o final do ano, mas ainda podem sofrer alterações ou cancelamento. Marc Geiger, co-fundador do Lollapalooza acredita que shows só serão possíveis em 2022 - e a edição brasileira do festival, adiada para dezembro de 2020, pode não acontecer, segundo o jornalsta José Norberto Flesch


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