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Joni Mitchell relembra críticas do clássico 'Both Sides, Now' em entrevista rara: 'Recebi muitas provocações'

A cantora e compositora falou com Clive Davis, produtor magnata da indústria, sobre o legado da música e muito mais

Angie Martoccio, Rolling Stone EUA Publicado em 17/05/2021, às 13h03

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Joni Mitchell (Foto: Getty Images / Frederick M. Brown / Correspondente)
Joni Mitchell (Foto: Getty Images / Frederick M. Brown / Correspondente)

Joni Mitchell deu uma rara entrevista na noite do último sábado, 15, na festa virtual do Grammy de Clive Davis, na qual falou com o magnata da indústria sobre o início de carreira, composições, críticas do clássico "Both Sides, Now" e legado dela.

A festa anual pré-Grammy de Davis foi dividida em duas partes virtuais em 2021, com a primeira em 30 de janeiro. A segunda celebração estava inicialmente marcada para março, mas foi adiada para maio após o diagnóstico do produtor com paralisia de Bell. Toda renda do evento de janeiro foi para o MusiCares, enquanto o de sábado beneficiou o Museu do Grammy.

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Mitchell fez poucas aparições públicas após o aneurisma cerebral em 2015, desde a estreia do musical Quase Famosos, de Cameron Crowe, em 2019 ao show de homenagem ao 75º aniversário em 2018. A festa do Grammy marcou a primeira entrevista pública dela.

Com um Zoom repleto de estrelas, de Elton John a Carly Simon e Dionne Warwick, Joni Mitchell foi vista na casa de Los Angeles, sentada com um vestido preto e branco. Uma taça de vinho branco estava ao lado dela, enquanto o novo gato, Bootsy, fazia algumas aparições pontuais.

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Davis apresentou Mitchell ao mostrar uma performance de 2000 do clássico "Both Sides, Now," o qual regravou naquele ano com apoio de uma orquestra. "Quando escrevi a música, era muito jovem e recebi muitas provocações," relembrou. "O que você sabe sobre a vida de ambos os lados agora? Finalmente, aprendi a entender."

"A apresentação britânica - presente na gravação - foi muito emocionante, porque a orquestra estava chorando," continuou. "Quando você vê ingleses chorando enquanto você se apresenta, é muito comovente. Portanto, há uma grande carga emocional nesse desempenho."

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Mitchell contou a Davis sobre como escrever a faixa, a qual apareceu em Cloud (1969) após ser gravada pela primeira vez por Judy Collins. "Eu estava em um avião," comentou. "Lia Henderson, o rei da chuva. No livro, o protagonista estava em um avião para a África. Olhou para as nuvens e pensou ter olhado para as nuvens, mas nunca as viu antes. Daí veio a origem da música."

Clive Davis perguntou sobre o momento no qual começou a escrever canções. A cantora respondeu sobre a criação da parte instrumental de "Robin Walk," quando tinha sete anos. Lembra-se de tocá-la para a professora de piano da época: "Ela me bateu nos nós dos dedos com uma régua e questionou: 'Por que você gostaria de tocar de ouvido quando poderia ter o Mestre e seus dedos?' Ela apenas me tratou como uma criança má e eu desisti das aulas de piano. A partir de então, fui autodidata."

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Mitchell também mencionou a influência das músicas dela e como enxerga o próprio legado. "Meu trabalho inicial é uma espécie de fantasia, por isso eu o rejeitei de certa forma," afirmou. "Comecei a raspar minha própria alma cada vez mais e ganhei mais humanidade. Isso assustou os cantores e compositores ao meu redor; os homens pareciam estar nervosos com a situação. Isso encorajou as pessoas a escreverem mais com base nas próprias experiências."

"Costumavam me dizer: 'Ninguém nunca vai fazer um cover de suas músicas. Elas são muito pessoais,'" adicionou. "No entanto, isso não é verdade, muitos covers são criados. Apenas tento descrever humanidade. Esta geração está pronta para minhas palavras - e não está tão nervosa com isso."

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Em junho de 2021, Joni Mitchell lançará The Reprise Albums (1968-1971), a próxima edição da série Archives, responsável por também funcionar como uma celebração do 50º aniversário de Blue (1971).


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David Byrne foi guitarrista e vocalista do Talking Heads, uma das principais bandas de punk e new wave dos anos 1970 e 1980. Porém, o grupo é apenas um pedaço da extensa carreira do artista. Após o fim da banda em 1991, Byrne continuou com força o trabalho na música, com carreira solo admirável. 

Com talento e genialidade, Byrne expandiu o talento para além do universo norte-americano e se aproximou de grandes nomes da música brasileira, como Caetano Veloso e Tom Zé. Além disso, o artista escreveu livros sobre música, filosofias e experiências de vida.  

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No dia 14, o músico completou 69 anos. Para comemorar separamos cinco momentos marcantes da carreira de David Byrne. Confira 

Talking Heads 

Junto com Chris Frantz (bateria e vocal), Tina Weymouth (baixo e vocal) e Jerry Harrison (teclado e guitarra), David Byrne(guitarra e vocal) formou uma das bandas mais influentes de rock dos anos 1970 e 1980. Talking Heads misturou new wave, punk e até ritmos africanos em uma discografia composta por oitos discos. O grupo é dono da famosa “Psycho Killer”. A faixa, presente no disco de estreia Talking Heads: 77(1977), alcançou a posição 92 no Billboard Hot 100 e permaneceu por 5 semanas nas paradas. 

Em 1991, após três anos sem novas gravações e shows, Byrneconfirmou o fim da banda durante entrevista ao Los Angeles Times.  Mesmo com o fim, o grupo continua sendo referência de rock experimental e criativo. 

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Autor de livros 

Byrne tem uma carreira muito rica. Além de músico, é produtor musical. Com objetivo de compartilhas os aprendizados de anos de carreira, Byrne lançou o livro Como Funciona a Música (2017), com abordagem técnica sobre a arte de fazer e produzir sons. 

Porém, esse não foi o único nem primeiro livro do artista. Em 1999, lançou Your Action World: Winners Are Losers with a New Attitude (algo como Seu Mundo de Ação: Vencedores São Perdedores Com Uma Nova Atitude), uma crítica os anos 1990 e o bombardeio de informações da publicidade. Mais tarde, em 2006, lançouThe New Sins (algo como Os Novos Pecados), uma atualização sobre os pecados capitais com escrita para o público contemporâneo. 

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Três anos depois, lançou Diários de Bicicleta (2009), no qual reuniu diversos textos e contos escritos ao longo de suas viagens pelo mundo - são relatos sobre sexualidade, política, cultura e muito mais.

O último livro de Byrne foi American Utopia (2020), coletânea de textos extraídos do último disco homômimo. Uma colaboração com a ilustradora Maira Kalman, repleta de imagens lúdicas. 


Colaborações com  a música brasileira 

Em 2011, David Byrne expandiu ainda mais a carreira e se apresentou com Caetano Veloso, em Nova York, durante o festival Perspectives. Com repertório híbrido, a apresentação teve 18 músicas - sete de Veloso, seis de Byrne e cinco composições conjuntas. O resultado do show foi o disco Live At Carnegie Hall (2011).

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Nos anos 2000, após 16 anos sem gravações, o músico baianoTom Zé lançou o disco Jogos de Armar - Faça Você Mesmo, com participação de Byrne. Porém, anos antes, a dupla produziu junta. Em 1992, lançaram "Jingle do Disco"


American Utopia 

Entre os mais de dez discos produzidos na carreira solo, o mais recente foi American Utopia(2018). Em entrevista à Rolling Stone EUA em 2018, Byrne afirmou “[Essas músicas] buscam retratar o mundo no qual vivemos agora. Acredito que muitos de nós não estamos satisfeitos com esse mundo que fizemos para nós mesmos [...] Essas músicas são sobre esse ato de olhar e sobre esse questionamento.” 

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Para lançar o disco, o músico realizou uma turnê no mesmo ano. Entre os diversos shows, a participação no Lollapalooza foi destaque - com ênfase na edição do Brasil. Conhecido por performances experimentais nos palcos, o músico mostrou todo potencial e talento com a produção. Além dos shows, a performance virou o musical American Utopia (2020), produzido pelo Spike Lee e gravado na Broadway.


Hall da Fama do Rock

Em 2002, David Byrne entrou para o Hall da Fama do Rock como membro do Talking Heads. O Hall tem como objetivo registrar a história de artistas influentes e importantes para a história do rock e pop, sendo uma conquista de muito reconhecimento e importância. 

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