Foi preciso um pouco mais do que sucesso e talento para conseguir o reconhecimento na música pop
Redação Publicado em 20/06/2020, às 17h00
Michael Jackson é conhecido mundialmente como o “Rei do Pop”. Com as discussões nas últimas semanas sobre o racismo estrutural na indústria da música, e como a classificação de artistas como urban ou R&B prejudicam intérpretes negros, refletir sobre a “coroação” de Jackson agrega muito ao debate.
O debate sobre as oportunidades desiguais na música ganhou força no começo do ano, quando Tyler, The Creator criticou o Grammy sobre muitos artistas negros serem limitados às em categorias de nicho. Recentemente, Billie Eilish apoiou o colega e reacendeu o debate.
+++ LEIA MAIS: ‘Separado e desigual’: como a música ‘pop’ escondeu os artistas negros
No primeiro grande sucesso solo de MJ, com o hit “Don’t Stop ‘Till You Get Enough”, do álbum Off The Wall (1979), o cantor foi indicado a duas categorias no Grammy: Melhor Performance Vocal R&B Masculina e Melhor Música Disco, e ganhou apenas na primeira categoria. "Chorei muito. Minha família achou que eu estava ficando louco por chorar por causa daquilo", contou à Rolling Stone EUA em 1983.
Parte da frustração de Jackson era resultado do desejo ser reconhecido na categoria pop, dominada por brancos. Com o álbum seguinte, Thriller (1982), conseguiu onze indicações, inclusive nas categorias de Álbum do Ano, Música do Ano, com “Beat It”, Melhor Performance Vocal Pop com a faixa-título - todas parte das oito vitórias naquela edição, um recorde na premiação.
Apesar do reconhecimento na principal premiação da música e sucesso comercial sem precedentes, Jackson precisou reivindicar a coroa de Rei do Pop. “Se o mundo não o coroa rei, ele mesmo o fará”, resumiu o jornalista Michael Goldberg, na matéria de capa da Rolling Stone EUA, em 1991 (leia na íntegra aqui).
Naquele ano, Jackson lançava o clipe icônico de “Black or White”, single do álbum Dangerous (1991). A condição para ceder os direitos da estreia do clipe nos canais de televisão norte-americanos, como Fox, Black Entertainment Television (BET) e MTV era se referir ao astro como Rei do Pop. De acordo com as informações da Rolling Stone EUA, funcionários da MTV receberam um memorando e foram orientados a “se referirem a Jackson como ‘Rei do Pop’ pelo menos duas vezes por semana nas duas semanas seguintes” durante a programação.
Tom Freston, presidente e CEO da MTV Networks, na época, declarou que "muitas pessoas mudaram de nome recentemente. (...) Michael Jackson é o 'Rei do Pop'. Quem somos nós para impedir o progresso? Seja lá como eles quiserem ser chamados, tentamos obedecer”, disse em entrevista.
Apesar da controvérsia inicial, Jackson venceu a estrutura da indústria musical, tão adversa aos negros, e conquistou o sonhado reconhecimento - não como um fenômeno disco ou R&B, mas como o maior da música pop mundial.
+++ A PLAYLIST DO RUBEL
Madonna compartilha memes brasileiros nos stories do Instagram
Cher gosta de namorar homens mais jovens porque os mais velhos estão mortos
Madonna no Rio: Rita Wainer faz intervenção artística no perímetro do show
Criador de Peaky Blinders confirma início das gravações do filme em setembro
Bruno Mars fará shows no Brasil em 2024, diz jornalista
Keke Palmer e SZA estrelarão comédia produzida por Issa Rae