- The Mandalorian (foto: reprodução/ Disney)

Como The Mandalorian resgatou (e abraçou) a verdadeira essência de Star Wars [ANÁLISE]

A série live-action do Disney+ é um retorno às raízes da space opera, depois de uma trilogia turbulenta

Vinicius Santos | @vini_ls13 Publicado em 17/11/2020, às 11h06

O sentimento de muitos dos fãs com Star Wars após a conclusão turbulenta da nova trilogia em A Ascensão Skywalker (2019) foi de cansaço. Naquele momento, a magia infantil da ópera espacial criada por George Lucas há pouco 40 anos parecia estar um pouco apagada.

Seja devido à recepção mista do público (constatada pela nota 6,6 de Ascensão Skywalker no IMDb), talvez fosse hora de repensar se a franquia ainda era capaz de agradar a todos os geeks e nerds ao redor do mundo.

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A Disney também deu passos cautelosos com a franquia, recuou nos planos para uma quarta trilogia comanda os showrunners de Game of Thrones, David Benioff e D.B. Weiss e, no momento, repensa se o formato trilogia ainda é válido, como salientou o presidente Bob Iger. 

Verdade seja dita, se a Lucasfilm tinha planos concretos para a recém-encerrada trilogia, algum acidente de percurso prejudicou eles. Os cineastas J.J. Abrams e Ryan Johnson criaram filmes com tons e perspectivas conflitantes sobre a mesma história, dividindo o público em questões de atrito tais como o tipo de personagem que Luke Skywalker (Mark Hamillse tornou ou o desfecho da história de Kylo Ren (Adam Driver). Nem vamos comentar sobre o terceiro filme de Colin Trevorrow que nunca aconteceu.

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Todas essas questões, além críticas de membros do elenco como John Boyega sobre o papel de Finn na trilogia ser diminuído e cortado por interesses de terceiros, afetando a produção, deixaram para o fã uma impressão de Star Wars ter perdido a liberdade pela qual fez sucesso.

O universo visionário de George Lucas, aclamado no passado por inovar no cinema e criar ícones, parecia ter sido sufocado pela pressão que esse mesmo legado traz e, em vários aspectos, abandonou os elementos que o fizeram grande.

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Entretanto, essa percepção ainda pode mudar. Star Wars inovou, assim como fez no começo, ao entrar para o mundo das séries live-action em The Mandalorian e o showrunner Jon Favreau retornou para a essência dos filmes originais e, sinceramente, resgatou tudo aquilo que amávamos, sem deixar de contar a própria história.

Por, a Rolling Stone Brasil traz alguns motivos para acreditar que até  o fã mais decepcionado com Star Wars deveria dar uma chance para os  11 episódios de The Mandalorian já disponíveis no Brasil pela Disney+.

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Samurais e Cowboys no espaço

Favreau sabe que Uma Nova Esperança (1977) não começa no planeta desértico de Tatooine  e nos bares sujos da cidade de Mos Eisley, onde Han Solo esperava o próximo trabalho, sem motivo. Lucas queria evocar numa história sci-fi o sentimento dos filmes de samurai e faroestes, mostrando aventuras em uma sociedade na beira do caos. 

O próprio Obi-Wan disse sobre o mundo de Star Wars: "você nunca encontrará uma colmeia mais miserável da escória e vilania." É nesse tom que The Mandalorian aposta todas as fichas e recria a nostalgia magistralmente, sem deixar de mostrar o surgimento de um novo herói na figura do Mando de Pedro Pascal. 

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Se houveram fãs insatisfeitos com a nova trilogia por não se aprofundar no mundo já imenso de Star Wars, criando novos planetas ao invés de explorar os já existentes, a série da Disney+ faz o contrário: Tatooine e outros lugares emblemáticos estão de volta, porém em uma luz diferente, durante o período pós-queda do império em O Retorno de Jedi (1983). 

Saímos um pouco de perto das desventuras da família Skywalker para conhecer a vida e doutrina de um Mandaloriano, membro de uma das sociedades de guerreiros mais lendários da galáxia, conhecidos por fazer páreo duro até para os Jedi. Uma expansão de universo bem-vinda e instigante para qualquer um que gostava dos visuais de personagens clássicos como Boba e Jango Fett.  


Precisamos falar sobre o Baby Yoda

O alien adorável criado a partir do querido Mestre Yoda é, em si mesmo, uma carta de amor a Star Wars. Como o ator Werner Werzog conta, era crucial para o personagem ser real, ou seja, um boneco assim como o Yoda clássico era.

Muita tecnologia e uma combinação harmoniosa de marionete com computação gráfica resultaram neste personagem, a mesma fórmula usada por George Lucas na criação do mundo mágico na trilogia clássica, sem falar no fator fofura e um apelo para todas as idades.

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Se Baby Yoda fez até um cruel mercenário Mandaloriano se encantar, os fãs decididos a dar uma chance a ele também serão conquistados. Além disso, o personagem promete explicar mais da mitologia de história do grande Mestre Jedi.


Um respeito imenso por todo o material de Star Wars

Jon Favreau chamou para ajudar na direção e roteiros de The Mandalorian o diretor de animação e dublador Dave Filoni. Filoni é reverenciado pelos fãs de Star Wars  pela contribuição imensurável dele a trilogia prequel com a série animada A Guerra dos Clones (2008).

Nas sete temporadas dessa série, o criador aprofundou as histórias de Obi-Wan e Anakin, além de introduzir diversos personagens novos para encorpar a narrativa de George Lucas dos episódios I,II e III.

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Os fãs dessa produção vão  ficar muito felizes em saber que diversos personagens e conceitos apresentados em A Guerra dos Clones  vão voltar, dessa vez com o embelezamento de um orçamento milionário e para terminar arcos há muito tempo deixados em aberto.

O resgate da essência de The Mandalorian vai muito além de técnicas de filmagem e o tom, mas também na fidelidade as décadas de conteúdo lançado, retratado de maneira gloriosa. Star Wars é uma paixão e a série inaugural do Disney+ sabe disso.

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