- Katy Perry, Justin Bieber, Lil Pump, Billie Eilish e Bruno Mars foram alguns dos nomes que remodelaram a música (Fotos 1 a 4: Reprodução / YouTube e Foto 5: Reprodução / Facebook)

Os 10 sons que definiram a música que todo mundo ouviu nos anos 2010 [LISTA]

Sussurros, "oh, oh, oh" e instrumentos eletrônicos: o que vai ficar para a história da década

Emily Blake / Rolling Stone EUA Publicado em 10/12/2019, às 18h50

Nos anos 1960, o uso do reverb e echo ajudaram o som do rock psicodélico. Os beats four-on-the-floor chegaram nos anos 1970 com a ascensão do disco, e os anos 1980 viram a introdução do sintetizador. Todas as décadas tiveram as próprias peculiaridades sônicas - algumas que vão desde revolucionárias (autotune) a passageiras (buzinas).

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Nos anos 2010, não foi diferente. Aqui estão 10 sons que deficinar a música da década. As vezes, foram efeitos colaterais do streaming - a mistura de gêneros, o crescimento do rap, e a influência crescente da música eletrônica. 

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De vez em quando, foram indicativos visionários de para onde a música segue. Outras vezes, resultados de produtores vendo apenas o quão estranho tudo pode ficar, aura equivalente àquela borda de pizza recheada com salsichas da Pizza Hut. O tempo nos dirá o que ficará por aqui (mas vamos esperar que não seja o Millennial Whoop [grito millennial]). 

Millennial Whoop


COMO SOA:
Como um White Clown para um martini tradicional (e ruim) de melisma

O QUE É: A espinha dorsal do Millennial Whoop (ou “o grito millennial”) - de acordo com o músico Patrick Metzger, que cunhou o termo - é uma “sequência de notas que se alternam entre a quinta e terceira nota de uma escala.” Ou, de maneira mais clara: aquele “oh-oh, oh-oh” que tem em várias músicas, que se estendem em várias notas diferentes. 

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Começou como um “yassss,” um acessório em músicas como “Tik Tok,” da Kesha, e “California Gurls,” da Katy Perry, e ficou mais flexível com o tempo, até se tornar o equivalente sonoro a um bom choro (“Habits (Stay High)” da Tove Lo e “Ivy” de Frank Ocean).

No meio da década, esse uivo trêmulo se tornou tão inescapável que virou paródia em Pop Star: Never Stop Never Stopping, mocumentário de 2016 feito por The LonelyIsland (grupo de Andy Samberg).

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QUEM FEZ MELHOR: The Lonely Island / Conner4Real em “F**k Off.”


Country Snaps


COMO SOA: Um beat pop com uma vibração por cima

O QUE É: Será que a bateria eletrônica poderia chegar até o country, um gênero construído em música real? Nos anos 2010, a resposta foi sim - mas de modo apreensivo. 

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Quando artistas de Nashville começaram a abraçar mais texturas eletrônicas, alguns produtores colocaram baterias eletrônicas nas músicas. Percussão programada - que alguns chamam de “snapping,” ou “estalo” - marcou o passo para “Body Like a Back Road,” de Sam Hunt, e deu suporte para o fim de “Meant to Be,” de Florida Georgia Line e Bebe Rexha. 

O produtor Joey Moi foi um dos maiores precursores, em hits para Chris Lane, Jake Owen e Florida Georgia Line. Puristas gostando ou não, esteve em todo lado nos anos 2010 - até em músicas de artistas mais tradicionais, como Jon Pardi (“Dirt on My Boots”) e Maren Morris (“80s Mercedes”).

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QUEM FEZ MELHOR: Jon Pardi em “Dirt on My Boots”


Saxy Pop


COMO SOA: Como o neto petulante e auto-depreciativo de “Careless Whisper”

O QUE É: Depois de duas décadas de quase-exílio da música, o saxofone fez seu retorno triunfal em 2011, no climático terceiro ato de “Midnight City” de M83, ou no festeiro gritalhão de “T.G.I.F,” da Katy Perry, ou o cara animado de “The Edge of Glory” da Lady Gaga.

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Entre 2013 e 2015, chegou ao centro do palco: “Talk Dirty,” de Jason Derulo; “Problem,” de Ariana Grande; “Worth It,” de Fifth Harmony - todos tinham o sax no seu grande esplendor. Até mesmo a adversária-do-sax Taylor Swift o abraçou em “False God,” destaque de Lover, disco deste ano.

QUEM FEZ MELHOR: Carly Rae Jepsen em “Run Away With Me”


Distorção Vocal


COMO SOA:
Como o início do apocalipse de Inteligência Artificial

O QUE É: A maioria das análises o rastreiam desde 1998, quando o hit dançante “Believe,” de Cher, usou o Auto-tune de maneira inédita: para distorcer os vocais de propósito, e não para uma correção. Agora o chamado “efeito Cher” foi ainda mais distorcido - com vocais cortados, realocados e transfigurados em algo que nem soa humano.

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A voz de Justin Bieber ficou aguda, meio de golfinho, nos hits “Where Are Ü Now” w “Sorry,” de 2015. Kygo despedaçou a voz de Selena Gomez em mil pedaços em “It Ain’t Me,” 2017. E Kanye West distorceu a si mesmo para soar como um baixo na segunda parte angustiante de “Runaway.”

QUEM FEZ MELHOR: Diplo e Skrillex em “Where Are Ü Now (com Justin Bieber)” e Kanye West em “Runaway.”


Distorção da linha de baixo


COMO SOA: Como se o baixo estivesse seriamente rouco

O QUE É: Distorção de baixo é usada há muito tempo no rock, e é a fundação gutural de várias músicas do Motorhead e Rage Against the Machine, só para citar dois exemplos. Mas não surgiu no pop até os anos 2010, com o surgimento do rap/rock que “cozinhou” no Soundcloud.

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Artistas como XXXTentacion, Ski Mask the Slump God e Smokepurpp são agora conhecidos por produções obscuras e definitivamente lo-fi - e constantemente contruíram isso em linhas de baixo bem distorcidas. 

Foi feito antes, em “Mercy” de G.O.O.D., “Move That Dope” de Future e “Bugatti” de Ace Hood, mas nunca antes assim. Em 2016, hits como “Look at Me!” do xxxtentacion e “Gucci Gang,” do Lil Pump, tiveram baixos tão exagerados que você praticamente podia sentir a vibração nos seus fones de ouvido.

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QUEM FEZ MELHOR: Lil Pump em “Gucci Gang” e Future em “Move That Dope.”


Whisper Pop


COMO SOA:
música para a galera da ASMR

O QUE É: Existia uma regra que ninguém falava sobre: todos diziam que você não podia ser um pop star se não soltasse a voz. Mas, nos anos 2010, uma nova onda de cantores surgiu e, coletivamente, sussurraram adeus para isso, optando por entregar vocais mais moderados.

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Esse tipo de cantoria faz parte do DNA de Lana Del Rey desde o início, com seu disco Born to Die (2012) entregando hits apressados como “Blue Jeans” e “Radio.” Lorde fez barulho sem erguer a voz em Pure Heroine, seu debut de 2013. E Selena Gomez estreou como uma vocalista de pop mais tradicional, mas abaixou o tom e se aquietou com o tempo, em “Good For You” e “Hand to Myself.”

Mas a rainha do whisper pop é Billie Eilish, cujo disco de estreia We All Fall Asleep, Where Do We Go? foi tão cochichado que inspirou uma série de covers em ASMR.

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QUEM FEZ MELHOR: Billie Eilish em “bad guy


Flute Rap


COMO SOA:
Ron Burgundy em um clube

O QUE É: Antes de 2010, apareciam flautas no rap, aqui e ali, como em “Flute Loop” dos Beastie Boys, “Motivation” do T.I. ou “Just a Little Bit,” do 50 Cent. Ma,s na década de 2010, virou um dos aspectos mais esperados do rap.

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Os sopros amadeirados marcaram “Goldie,” de A$AP Rocky, “Back on Road” de Gucci Mane, “Get Right Witcha,” do Migos, “Portland,” de D.R.A.M. e Drake e muitas, muitas outras faixas. E na ascensão ao topo, Lizzo levou a flauta com ela, e constantemente separa um tempo dos shows dela para o instrumento de sopro. 

QUEM FEZ MELHOR: Migos em “Get Right Witcha” (produção de Zaytoven e Murda Beatz)


Trap Hi-Hats


COMO SOA:
Igual à alma deslizante de Atlanta

O QUE É: Enquanto o country apenas abraçou a bateria eletrônica recentemente, beats eletrônicos são um grampo para o pop e para o rap há décadas. Nos anos 2010, isso começou a soar como um novo estilo. A batida essencial do trap foi o chimbal (em inglês, hi-hats) sintetizado, empregado de uma maneira que nunca ouvimos antes.

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Produtores de trap como 808 Mafia e Southside programaram o chimbal em velocidades inigualáveis e completas em hits para Future, Migos e Gucci Mane. Depois de Beyoncé e Jay-Z empregarem beats de trap em “Drunk in Love” e “Apeshit,” foi só questão de tempo antes de produtores do pop também começaram a usar, também: “Break Up With Your Girlfriend, I’m Bored,” de Ariana Grande, por exemplo; ou “Without Me,” da Halsey, ambas têm chimbal em trap-style. 

QUEM USOU MELHOR: “Stir Fry” dos Migos


Anti-Chorus 


COMO SOA:
Cantores sendo automatizados e perdendo o emprego

O QUE É: Cimentando a onipresença da música eletrônica - e a iminente extinção da raça humana - um novo refrão surgiu nas músicas de 2010 e é, basicamente, o vazio da voz humana. Aqui, cantores aparecem em uma música durante a introdução, versos e ponte. Mas no refrão, gentilmente dão espaço e entregam o  microfone para outra parte, aparecendo esporadicamente para estalar os lábios ou soltar um “oooh” ou “aaah.”

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Vemos isso em uma linha de hits do Chainsmokers, como “Don’t Let Me Down” e “Roses,” EDM descarados. Em “Uptown Funk,” de Bruno Mars e Mark Ronson, existiu o apoio todo empoderado de sons metálicos. E em “Wiggle,” de Jason Derulo, teve - de acordo com o produtor Ricky Reed - uma flauta de brinquedo comprada em uma loja de festas. 

QUEM USOU MELHOR: Mark Ronson em “Uptown Funk”


+++ SCALENE SOBRE RESPIRO: 'UM PASSO PARA TRÁS, RESPIRAR E VER AS COISAS DE UMA FORMA NOVA'

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