- Bandeira gay na Parada do Orgulho em Barcelona, Espanha, em 2015 (Foto: Pablo Blazquez Dominguez/Getty Images)

25 hinos essenciais para o orgulho LGBTQ+ [LISTA]

De Sylvester a Perfume Genius, os editores escolhem as músicas mais evocativas e transformadoras

Jerry Portwood, Suzy Exposito, Rob Sheffield e Justin Ravitz | Rolling Stone EUA. Tradução: Marina Sakai, Mariana Rodrigues e Vitória Campos (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 14/06/2021, às 16h40 - Atualizado às 21h36

Existe uma sensibilidade LGBTQ+? Como ela era há 40 anos, muito antes das linguagens para gênero e identidade sexual as quais existem hoje? Ou, mais simples: quais músicas evocam a sensualidade, drama, mágoa, dificuldades e libertação de vidas queer naquela época e agora?

Em seguida, vem uma lista nada clara (ou ranqueada), mas que faz a ponte entre as festas disco pós-Stonewall e o rock queer millennial de hoje. Enquanto alguns clássicos aparecem na lista, outros não — Gloria Gaynor, Kylie Minogue, RuPaul, Britney e Cher: desculpem, ainda amamos vocês — aqui estão 25 músicas essenciais para o orgulho LGBTQ+ dos anos 1970 aos dias atuais.

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"I Feel Love" - Donna Summer (1977)

A música liderada por sintetizadores foi um dos principais fatores para o nascimento do EDM moderno. Estreou em 1977, com um som disco de orquestra e focado nos vocais, a faixa soava como uma transmissão de um planeta distante e atraente.

Além disso, a colaboração inovadora entre Donna Summer, Giorgio Moroder e Pete Bellotte traduziu-se em uma linguagem sônica nova: a êxtase estranha e assustadora do desejo e realização conectou a pista de dança moderna com o sublime; existe algo mais queer do que isso? A deusa do disco, Summer inicialmente precisou ser convencida. “Giorgio trouxe essa faixa pipoca a qual ele tinha gravado,” lembrou, “e eu disse, ‘O que diabos é isso, Giorgio?” - JR

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“YMCA” - Village People (1978)

O Village People nunca foi um mero ato de novidade ou de um hit só. O grupo foi montado e concebido pelo francês Jacques Morali, quem observou, em Greenwich Village, “estereótipos masculinos norte-americanos fortes e positivos,” como Glenn Hughes (o “Motociclista”) explicou à Rolling Stone EUA na capa de abril de 1979.

“Há todo um misticismo ligado ao “americano.” O sexteto teve início em clubes gays, mas, com uma série de sucessos, expandiu-se para turnês nacionais e aparições na TV, dando ao disco um rosto identificável.

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A música a qual definitivamente os colocou no panteão vendeu espantosos 10 milhões de cópias em todo o mundo e continua a ser o amparo do casamento e do bar mitzvah, mesmo que faça alusão a uma ação homem com homem em uma academia pública. Na mesma história da Rolling Stone, alguns membros da banda eram tímidos sobre sua sexualidade e seus seguidores (pois, afinal, era 1979). Ao questionar David Hodo (trabalhador da construção) sobre "Y.M.C.A,” disse: "Estamos enfiando a língua na bochecha da sociedade." – JR


"You Make Me Feel Mighty Real" - Sylvester (1978)

Com todo respeito ao Prince, Sylvester talvez tenha tido o falsete mais imaculado e expressivo da música pop moderna. Chamado de “Rainha do Disco,” o cantor virtuoso e abertamente gay definiu gênero (em sua vida privada e performativa) como fluido, conceito não-binário na era pré-Judith Butler

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São as raízes gospel as quais formaram a canção clássica do disco escrita por Sylvester e a transformaram em uma ode à alegria. O sincero ativista na luta contra AIDS e filantropo morreu de complicações da doença aos 41 anos, em 1988. Quase 30 anos depois, sua faixa mais memorável ainda nos faz dançar muito — em meio a algumas lágrimas. - JR


"Don't Stop Me Now" - Queen (1978)

Apesar da maioria dos fãs do Queen terem sido ingênuos sobre o quanto o vocalista Freddie Mercury era abertamente gay e subversivo — mesmo sendo descarado e presunçoso quando subia ao palco — ele nunca tentou esconder o fato.

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O Queen havia feito muito sucesso quando o disco Jazz (1978) foi lançado; foram de pequenas boates a estádios, e cada música lançada chegava ao topo das paradas. “Don’t Stop Me Now,” single do LP, continha as harmonias as quais eram marca registrada do grupo, mas não bateu as expectativas do público, e chegou ao número 86 nos Estados Unidos.

Foi, no entanto, um hit do Top 10 da Inglaterra. Com letras como “Por isso, me chamam Mister Fahrenheit/Eu estou viajando à velocidade da luz / Quero fazer um homem supersônico de você,” soa como se os meninos quiserem deixar tudo à mostra. - JP

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"I'm Coming Out" - Diana Ross (1980)

Como tantas gravações de dança excelentes, "I’m Coming Out," dos anos 80, começou com Nile Rodgers e seu co-fundador do Le Chic, Bernard Edwards, que foram procurados pela própria Diana Ross para produzir novas músicas. Posteriormente, Rodgers disse ao Mail on Sunday como eles escreveram a faixa “por causa de seus seguidores gays,” mas mentiu um pouco.

“Um DJ disse a ela que [a música] iria arruinar sua carreira - as pessoas pensariam que ela era gay,” disse Rodgers. “Foi a única vez que menti para um artista. Eu disse: ‘Do que você está falando? Essa é a coisa mais louca que eu já ouvi na minha vida!'” Agora, a ex-Supreme abre normalmente seus shows com a faixa animada e poderosa - a qual encontrou uma nova vida no panteão do hip-hop, graças a uma amostra em "Mo 'Money Mo' Problems" de Diddy e Biggie. –JR

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"Elton's Song" - Elton John (1981)

Uma canção única, mas esquecida, de The Fox (1981), quando Elton ainda estava na parte mais sombria e confusa da carreira. É uma balada silenciosa no piano sobre como é crescer gay. A letra vem do orgulhoso cantor de punk rock britânico Tom Robinson, quem teve um hit próprio com  “Glad to be Gay.” O resultado é um momento afetuoso ao final quando Elton canta, “Daria a minha vida/Por uma única noite ao seu lado.” Talvez estivesse com medo do quão sentimental poderia ser — levou anos para o cantor tentar qualquer coisa tão reveladora quanto. - RS


"It's Raining Men" - The Weather Girls (1983)

Dois fatos incríveis sobre esse sonho molhado, espumoso e musculoso de dança: o ajudante de David Letterman, Paul Shaffer, co-escreveu (com Paul Jabara) e ninguém menos que Donna Summer passou a gravá-la. “Liricamente ela odiava, porque havia se tornado cristã. Ela achou que seria blasfêmia,” Shaffer disse à Vanity Fair. Não importa: Two Tons o’ Fun, rebatizado Weather Girls (introduzindo a cantora de várias décadas do estúdio MVP, Martha Wash), colocou-o para baixo, acertando em um sucesso que agradou qualquer ser humano ávido por um homem durante uma seca. Aleluia. - JR

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"A Little Respect" - Erasure (1988)

Grande parte da discografia de Erasure não incorpora precisamente o orgulho gay comemorativo, mas a realidade gay romântica - uma franqueza sobre a vida emocional, se não abertamente sexual, dos gays no final do século 20. Então, quando a dupla britânica Andy Bell e o single melancólico, mas alegre, de Vince Clarke se tornaram um sucesso mundial em 1988 (ano não amigável para gays), parecia silenciosamente revolucionário para qualquer pessoa que conhecesse.

Será que os adolescentes heterossexuais em Iowa perceberam que estavam no baile de formatura curtindo um apelo do tipo “Borderline” de um homem vulnerável e apaixonado para o namorado frio e reservado? Os adolescentes e pré-adolescentes gays, a maioria deles enrustidos, definitivamente gostavam. “Se você está fazendo música, deve usá-la para alguma coisa e ter substância”, disse Bell uma vez à Seventeen. “Ser gay e franco sobre isso é a minha substância.” – JR

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“Vogue” - Madonna (1990)

Com um pequeno orçamento de US$ 5 mil, Madonna e seu remixer Shep Pettibone tocaram essa faixa (originalmente considerada um lado B para outro single), improvisando aquele rap de estrela de cinema de última hora em um estúdio subterrâneo no centro de Manhattan. “Ela sempre foi uma artista de primeira mão,” disse Pettibone à Billboard em 2015.

O resultado não foi apenas um dos sucessos mais definitivos da Rainha do Pop, mas uma conexão improvável entre a Velha Hollywood, a cena club do final dos anos 1980 e a cultura do baile do Harlem, encontrando glamour, subversão, inspiração e autopreservação no auge da epidemia de AIDS. (Além disso, aquele vídeo! Aqueles homens! A dança!) Usando isso como trampolim, Madonna mergulharia de cabeça nas subculturas LGBTQ+ por meio de seu vídeo “Justify My Love” e, de forma mais abrangente, em seu livro Sex e álbum Erotica. A alma está no musical. – JR

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"Freedom! '90" - George Michael (1990)

Demoraria mais oito anos até que George Michael se tornasse público em geral, mas o talentoso, comovente e carismático ex-líder do Wham! é há muito tempo um símbolo sexual quente e criador de tendências para gays e outros indivíduos LGBTQ+ em todo o mundo.

“Sobre meu trabalho, nunca fui reticente em termos de definir minha sexualidade. Escrevo sobre minha vida,” disse ele à CNN em uma entrevista de 1998, na qual falou sobre a sexualidade. E, enquanto a música posterior abordaria diretamente sua sexualidade e seus relacionamentos (incluindo a perda de um parceiro para AIDS), seu eterno single de 1990 apontou para uma honestidade radical e transformadora ainda não pronta para ser dita em voz alta: “Acho que há algo que você deveria saber / Acho que é hora de te dizer isso / Há algo dentro de mim / Há outra pessoa que eu tenho que ser.” O vídeo - no qual o superstar bonitão deixa as supermodelos fazerem a sincronização labial, e sua jaqueta de couro cafona explode em chamas - permanece incomparável. – JR

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"Groove Is in the Heart" - Deee-Lite (1990)

Habilmente sobrepondo uma amostra funky após a outra, o trio psicodélico pansexual de Deee-Lite - liderado por uma Lady Miss Kier inspirada em drag - introduziu uma vibrante energia e estética club-kid queer para as massas com esta faixa orgiástica e o vídeo que a acompanha. Continua a ser um portal magnético para qualquer pessoa ansiosa por deixar sua bandeira de aberrações voar. - JR


 "Anthem" - Pansy Division (1993)

Estes pioneiros do punk de Bay Area, São Francisco (EUA), encontraram uma ponta de fama mainstream quando fizeram turnê com Green Day durante a era Dookie em 1994, mas foram as letras sensuais e atitudes ousadas as quais os tornaram atraentes para uma geração de crianças queer — antes de o termo estar na moda.

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É difícil escolher uma canção para defini-los, com músicas como “Dick of Death,” “Groovy Underwear” ou o cover clássico de “Jack You Off,” de Prince — mas selecionamos a que mais desafia a ideia de um “hino” gay, independente de como você pensaria em um. 

“Sempre cantamos sobre como é ser gay. Não somos gay e musicistas,” disse Jon Ginoli à Rolling Stone EUA em 2020, antes do lançamento do último disco, Quite Contrary. “Cantamos sobre ser gay como uma parte do tema de nossas músicas. Ao longo do tempo, algumas são menos especificamente gay do que eram quando foram lançadas, pois quando tivemos a chance, era sobre isso que queríamos cantar e foi muito único.” - JP

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"Come to My Window" - Melissa Etheridge (1993)

Etheridge estava se sentindo solitária durante uma turnê, com saudade de um amor se esvaindo, quando escreveu o hit o qual acabou no disco de sucesso, Yes I Am (1993). Mal sabia ela como o blues de cowgirl ganharia o Grammy de Melhor Performance Vocal Feminina de Rock, como também se tornaria uma trilha sonora para a comunidade LGBTQ+.

“Quando meu disco se tornou um sucesso, eu falei da minha sexualidade,” contou à Entertainment Weekly em 2009. “A comunidade me levantou e apoiou. Aquela ponte da música se tornou um hino. (‘Não ligo para o que pensam / Não ligo para o que falam / O que eles sabem desse amor?’) Ultrapassou todos os significados atribuídos por mim e se tornou uma parte da consciência geral. Ainda é incrível quando apresento ao vivo.” - SE

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"Fuck the Pain Away" - Peaches (2000)

Um bom conselho da sábia mais atrevida do Canadá. Com a ajuda de uma Roland MC-505, a professora de teatro bissexual quem se tornou rapper começou uma nova onda de disco com o LP de 2000, Teaches for Peaches. Embora “Fuck The Pain Away” tenha sido muito arriscado para as paradas, as letras fanfarronas e inesquecíveis permeiam tudo desde South Park até 30 Rock e o filme Encontros e Desencontros (2003). Era, supostamente, a música preferida de Madonna para malhar, e ela também utilizou-a em sua peça em Londres, Up For Grabs.

Em uma entrevista ao The Guardian em 2003, Peaches divulgou como enviou calcinhas autografadas a Guy Ritchie e Madonna como agradecimento. “Autografei algumas roupas íntimas, escrevi: ‘Querido Guy, vou te fo*** mais tarde, com amor, Peaches.’ Para Madonna, escrevi: ‘Querida Madonna, vou te fo*** agora, com amor, Peaches.’ É legal.” - SE

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"Wig in a Box" - Hedwig and the Angry Inch (2001)

Se alguma canção de teatro musical entrar na lista, precisa ser uma original do Hedwig. Focado em um cantor de rock transgênero de Berlim (Alemanha), o musical icônico da Broadway ganhou forma no clube drag SqueezeBox! em Nova York (EUA), onde Mitchell pensou no personagem conhecido como Hedwig.

Com ajuda do compositor e líder da banda Stephen Trask, Mitchell tomou coragem para estrear Hedwig ao vivo no SqueezeBox! em 1994. A primeira peruca dele foi feita de rolos de papel toalha, cola quente e grampos. “Nunca havia feito drag ou cantado com uma banda de rock,” disse Mitchell à Rolling Stone EUA. “Foi como se tivesse sido batizado. Fiz tudo para apoiar Hedwig. Faria uma sitcom e usaria o dinheiro para comprar perucas e fazer minhas próprias fantasias.” - JP

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"I Love Hardcore Boys/I Love Boys Hardcore" - Limp Wrist (2001) 

Revestidos e ensaboados com o suor uns dos outros, a banda de hardcore americana Limp Wrist estava na vanguarda do movimento Queercore no final dos anos 1990. Devotamente heterossexuais e orgulhosamente homossexuais, sua postura livre de substâncias fazia com que se destacassem em uma época na qual bares, clubes e outros espaços eram os poucos refúgios seguros para pessoas LGBTQ+.

A música de 2001 “I Love Hardcore Boys / I Love Boys Hardcore” foi um lançamento especialmente atrevido e catártico para o líder Martin Sorrondeguy, quem falou sobre a sexualidade nos últimos anos de sua permanência na banda punk Los Crudos. “Nunca teria me assumido nos anos 1980,” disse Sorrondeguy ao The Portland Mercury. “Me lembro de ter visto algumas pessoas que eram queer naquela época e eu estava nervoso por elas. Havia muitas pessoas violentas na época, então foi um pouco assustador. Quando cheguei ao ponto em que era ativamente gay, demorou um pouco para me sentir confortável e assumir, mas me senti pronto para o que viesse em meu caminho.” – SE

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"Take Your Mama" - Scissor Sisters (2004) 

As rainhas do acampamento Scissor Sisters da cidade de Nova York retrataram o dilema de revelar a sexualidade à família como pura comédia: em “Take Your Mama,” o vocalista Jake Shears sugere que você ofereça bebida à sua mãe antes de dar a notícia. A canção apareceu no primeiro álbum - que leva o mesmo nome do grupo - o qual liderou a parada de álbuns do Reino Unido e ganhou nove vezes o disco de platina.

Bono os elogiou como "o melhor grupo pop do mundo" naquele ano, e Elton John colaborou com a banda posteriormente no sucesso de 2006 "I Don't Feel Like Dancin.” “Embora apenas uma fração do sucesso da banda na Europa tenha se traduzido nos Estados Unidos, “Take Your Mama” continua sendo essencial em bares gays de todo o país. – SE

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"Blind" - Hercules and Love Affair (2008)

Blind,” colaboração de 2008 entre o DJ Andy Butler e o cantor transgênero Anohni, tornou-se um clássico instantâneo nas pistas de dança. Anohni elevou a escuridão do nu-disco com sua melodia melosa inspirada em Nina Simone.

Mais tarde, Butler disse ao The New York Times que “Blind” o lembrava de ter crescido como um garoto gay: “Minha família e grupo social me rejeitando e perguntando por que nasci nessa situação. (…) Mas sabia que assim que pudesse escapar, eu o faria, e encontraria liberdade e consolo. Já adulto, porém, encontrei uma vida cheia de excessos e outras pessoas feridas e confusas. Assim, me senti cego.” – SE

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"Dancing on My Own" - Robyn (2010)

Sim, esta música histórica também pertence a Lena Dunham e às brilhantes mulheres suecas de todas as convicções. Mas há algo sobre a obra-prima pop não tão mini de Robyn que ressoa profundamente para as pessoas queer marginalizadas: sua protagonista está em seu estado mais rejeitado, solitário e isolado enquanto tenta não se sentir como uma aberração olhando um ex com seu (ou sua) nova peça em um clube. Em vez de ir para casa ou fazer uma cena, no entanto, esta heroína de coração partido faz o que todos nós devemos: dançar sozinha e para ela. – JR


"Born This Way" - Lady Gaga (2011)

Esqueça a (confessadamente deliciosa) rixa que Madonna provocou e foque no bombástico som disco-metal do hino e a mensagem de amor-próprio e auto-aceitação - como pregado pela Mother Monsters, uma das aliadas mais firmes e poderosas dos LGBTQ+.

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“Tive esse tipo de momento ‘eureka!’ de revelação que aquelas três palavras ‘Born This Way’ (em tradução livre: ‘Nasci Assim’) eram a resposta para tantas perguntas que fiz ao longo dos anos: ‘Quem é você, quem é você realmente?’ Eu nasci assim,’” Gaga disse à Rolling Stone em 2011. “Fica maior a cada dia, o significado disso. Todos os dias meus fãs percebem a gravidade das palavras.” - JR


"She Keeps Me Warm" - Mary Lambert (2013)

Como uma lésbica declarada e cristã, a cantora e compositora de Seattle Mary Lambert derrama a vergonha e é levada pela garota dos sonhos em “She Keeps Me Warm.” Lambert  elaborou a música do refrão em “Same Love,” o hit de 2012 de Macklemore e Ryan Lewis.

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Posteriormente, o trio seria manchete do Grammy 2014, onde a performance marcante seria trilha sonora de um casamento em massa entre 33 casais gays e héteros. (Sem mencionar que foi oficializado por Queen Latifah.) “Não estou chorando nos domingos,” ela canta com paixão - e parece uma oração. - SE


"Closer" - Tegan and Sara (2013)

A dupla de irmãs canadenses Tegan and Sara captura a emoção por trás de efêmeros momentos de intimidade em "Closer,” uma faixa do LP de platina Heartthrob (2013). O vídeo retrata amigos e amantes de todos os gêneros, abraçados em fortes cobertores e conquistando a confiança cosmética ao aplicar a maquiagem uns dos outros. É um retrato de tirar o fôlego de uma amizade queer, descrevendo o amor que existe não apenas no sentido sexual ou romântico, mas como um espectro mais amplo de bons sentimentos.

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Tegan Quin diz: “Estava escrevendo sobre minha juventude - uma época em que nos aproximamos dando os braços e andando pelo corredor da escola ou conversamos a noite toda ao telefone sobre cada pensamento ou experiência que já tivemos. Não era necessariamente sobre ficar ou admitir seus sentimentos naquela época. (…) Foi a antecipação de algo que talvez estivesse acontecendo que fosse realmente empolgante e satisfatório.”. Ela acrescenta: “Esses relacionamentos existiam em um estado de ambiguidade sexual e física. Existe algo mais romântico do que isso?” –SE


"Queen" - Perfume Genius (2014)

Michael Hadreas, de Seattle, transforma-se de jovem em uma ameaça queer para o vídeo brilhante de “Queen.” Cantando "Nenhuma família está segura quando eu me movo,” esgueira-se em uma sala de conferências e gira os quadris para uma sala cheia de ternos - uma resposta astuta às legiões de homofóbicos que armam os medos contra as pessoas LGBTQ+, de dentro das salas de reuniões, no Congresso, ou nas ruas.

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Em uma entrevista de 2014 para o The Guardian, Hadreas disse: “Sempre me ressenti muito com o fato de que algo que não controlo deixaria as pessoas desconfortáveis. Então, com essa música, foi mais algo de 'f*da-se' - esperava que outras pessoas se sentissem desconfortáveis ​​pelo menos uma vez, não eu.” - SE


"True Trans Soul Rebel" - Against Me! (2014)

Na biografia de 2016, Tranny: Confessions of Punk Rock’s Most Infamous Anarchist Sellout, a vocalista do Against Me!, Laura Jane Grace relembra a época antecedente a sua transição, quando ela desaparecia em quartos de motel para vestir vestidos. “Você se torna mais corajosa sobre ser femme, mas ainda está no armário, então não tem para onde ir,” explicou para Rolling Stone em 2014. “Você acaba em motéis estranhos no meio do nada, vagando pelos corredores, com esperança de ninguém ver você.” Aqueles dias inspirariam a música “True Trans Soul Rebel,” um grito punk-ocidental de guerra para mulheres trans lutando para viver. - SE

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"On the Regular" - Shamir (2015)

Na tradição dos outros contratenores do pop Prince e Klaus Nomi, Shamir Bailey, de 22 anos, surpreendeu os ouvintes com um furtivo e andrógino jogo de palavras em no álbum de estreia Ratchet (2015). Naquele mesmo ano, Bailey tuitou que se identifica com gênero não-binário - “Eu não tenho gênero, nem sexualidade, nem p*rra para dar.”

Mais tarde, ele esclareceu em The Advocate: “Desde pequeno mostrei traços das energias masculinas e femininas. A androginia nunca foi algo em que pensei ou tentei.” Por mais doce que possa parecer, ele não ousa conter a arrogância, especialmente na faixa disco com inflexão de sino de vaca "On the Regular.” “Não me experimente,” ele canta, “não sou uma amostra grátis.” –JP

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Sia, "Alive" (2016)

Em agosto de 2013, Sia tuitou: “Sou queer. Não me identifico realmente como lésbica porque namorei predominantemente homens. Mas com certeza namorei mulheres,” colocando os rumores de lado e desfrutando da adoração dos fãs da comunidade LGBTQ+ quem amam as músicas da hitmaker - ela escreveu "Diamonds" da Rihanna e “Pretty Hurts” da Beyoncé, além de muitas outras - para as mensagens edificantes e fortalecedoras.

A marioria dos singles da Sia em This Is Acting funcionam como hinos para todos os propósitos, e “Alive” apresenta os vocais massivos da cantora em uma música que ela co-escreveu com Adele e Tobias Jesso Jr. “Você tirou tudo,” ela declara, “Mas ainda estou respirando / Estou viva.” - JP

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